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quinta-feira, 24 de maio de 2012

O outro lado


Nas últimas semanas o Facebook (sempre ele) tem reproduzido muito essa foto aqui ó: 
fonte: http://mstrkay.tumblr.com/

Pra uns, uma verdadeira ode aos tempos modernos e como eles tornam a leitura algo superacessível. Pra outros, uma abominação, a prova de que o livro de papel está morrendo (quando, na verdade, a presença dele ali prova justamente que the hills are alive with the sound of music ele tá é vivão da silva!). Pra gente, um grande sorriso no rosto e uma ruguinha de preocupação. O sorrisão é porque toda forma de ler vale a pena, e dar de cara com um grupo de pessoas assim tão compenetradas em suas leituras é pra animar o dia de qualquer editor. A ruguinha é pela constatação imediata de que a f oto não foi tirada em terras tupiniquins.
Não é pelo Macbook, pelo Kindle, pelo Iphone (que a gente vê de vez em quando/quase nunca num transporte público) que fica óbvia a "gringuice" da foto. É pela triste lembrança de que, no dia a dia, dificilmente veríamos uma fileira de pessoas lendo num transporte público ou em qualquer outro lugar. O tabefe na nossa cara para lembrar que a gente ainda não chegou lá, na sociedadede leitores assíduos que tanto sonhamos pro nosso país.
Mas quer saber? Tabefes na cara, às vezes, são bons (quando metafóricos, claro. Não é pra sair por aí esbofeteando todo mundo e dizendo que foi a Escrita que mandou, hein?!). Servem pra fazer a gente acordar. A gente, que respira e pulsa livros 24 horas por dia, 7 dias por semana, às vezes esquece de que o universo de não leitores é muito maior do que o nosso mundo mágico da literatura. E é preciso lembrar que é pra esse universo que a gente dá sangue, suor e lágrimas no trabalho todos os dias. É pra trazer essa galera pro nosso mundo mágico.
A princípio, bateu uma tristeza ao constatar que o pessoal da foto jamais poderia ser brazuca. Mas passado o susto da bofetada, vem a inspiração que só ela proporciona. É esse mundo que a gente quer e é pra isso que a gente existe. Ver o lado feio de vez em quando é necessário pra que os objetivos fiquem mais nítidos.
Toda editora quer ver seus livros serem lidos e vendidos. Nós queremos que eles cheguem a quem jamais chegariam. E, quem sabe um dia, a foto acima não seja feita num metrô pertinho de você?
Partiu transformar o Brasil num país de leitores compulsivos como nós? ;-)

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